sábado, 25 de outubro de 2008

Preço do petróleo caiu pela metade em um mês; entenda por quê

UOL ECONOMIA, 24/10/2008 - 08h04


Ana Carolina LourençonEm São Paulo


O preço do petróleo caiu pela metade em um mês, indo de US$ 120 para US$ 66,75 na Bolsa de Nova York. O motivo que levou a essa mudança brusca divide a opinião de especialistas.
Segundo um estudo feito pelo analista do setor de petróleo da Corretora Souza Barros Clodoir Vieira, no momento que o barril de petróleo atingiu o pico de pontuação, em torno de US$ 140 (em junho), a cada dez contratos, apenas um tinha a liquidação física realizada.

"Isto significa que na época havia uma especulação muito forte, todo mundo achava que o preço do barril iria explodir", afirma.
A opinião é compartilhada pelo analista da corretora Agora Sênior Luiz Otávio Broad.

"A subida do petróleo para US$ 140 certamente foi especulação, até porque, quando começou essa escalada, já existia um cenário de provável desaquecimento da economia e redução da demanda e mesmo assim o barril subia forte. Com o agravamento da crise, a procura passou a cair efetivamente e as posições especulativas em cima do petróleo foram desmontadas", afirma.

Mas, para o analista da consultoria Tendências Walter de Vitto, existiram outras forças maiores que levaram o petróleo do "céu ao inferno" nas últimas semanas.

"Sempre existiram pessoas apostando no petróleo, mas não dá para dizer que a disparada ou o desabamento dos preços foi uma conseqüência da especulação. Acredito que quem especula pode apenas acelerar o movimento de flutuação dos preços, para cima ou para baixo, mas não ser o causador desse fenômeno", diz.

Vitto avalia que houve dois principais fatores que contribuíram para que a cotação do barril despencasse à metade em um período de tempo tão curto.
A demanda por petróleo é muito sensível ao desempenho da economia. Como houve uma deterioração no quadro de crescimento mundial, com a escassez de crédito e queda da intenção de consumo, algumas indústrias já reduziram seus investimentos e cortaram parte da demanda por petróleo, pressionando os preços para baixo.
Na outra ponta, a valorização expressiva do dólar frente às demais moedas também contribuiu para o abrandamento nos preços do petróleo.

"O petróleo é vendido em dólar, e, quando a moeda se valoriza, o produto fica mais caro para quem opera com outras divisas e, por isso, é preciso que o barril fique mais barato para haver um equilíbrio"

Na opinião da analista da corretora Ativa Mônica Araújo, existe uma terceira causa responsável por reduzir os preços do petróleo, que é a sensação de insegurança que se proliferou entre os investidores.

"Todas as commodities têm seus negócios baseados em perspectivas de crescimento da economia. Como esse cenário hoje é uma incógnita, os investidores optam por tirar seus recursos do mercado de petróleo, no caso, para alocá-los em aplicações consideradas mais seguras em momentos de crise, como os títulos do Tesouro norte-americano", diz.

Preços
Se a recessão nos Estados Unidos se concretizar, o preço do petróleo pode cair a preços mais baixos do que os que estão sendo observados nos últimos dias, por conta de uma desaceleração mais profunda da demanda, explicam analistas do setor de energia.

Segundo Luiz Otávio Broad, os Estados Unidos correspondem a 25% da demanda total por petróleo e derivados no mundo. Portanto, qualquer problema mais grave na economia norte-americana, sobretudo uma recessão, deverá causar impactos importantes na cotação da commodity.

"Sempre diziam que o preço do petróleo era ditado pelo consumo na China. Mas a demanda chinesa equivale a apenas 10% de todo o mercado, portanto, não é tão representativa como a dos Estados Unidos e não deve ser responsável por manter um preço muito alto", afirma Broad.

"Os países emergentes devem continuar sustentando o mercado de petróleo, mas, se as economias desenvolvidas pararem de crescer como está sendo previsto, a demanda será afetada de forma incisiva e vai causar queda nos preços, porque esses países têm um peso importante", diz o analista do setor de petróleo da Consultoria Tendências, Walter de Vito.

Com a redução no nível de atividade econômica mundial,a projeção é que os preços do petróleo continuem abaixo de US$ 100, a menos que haja um problema de oferta muito grande, como uma explosão em dutos, que seja capaz de causar nova alta nos preços.
"Vejo o preço do petróleo entre US$ 70 e US$ 80 até o fim do primeiro semestre, pelo menos. Acima disso, já é caro", diz Vieira.

FONTE: UOL ECONOMIA

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