terça-feira, 21 de outubro de 2008

AS BOBAGENS DE HOBSBAWM

Por Reinaldo Azevedo



O britânico Eric Hobsbawm, que deve ser o intelectual marxista vivo mais importante — ou, vá lá, mais famoso ao menos — concedeu uma entrevista à BBC. Estou aqui às gargalhadas. Vocês acreditam que ele decretou o fim de mais uma era? Só falta agora escrever o livro correspondente. Que tal “A Era da Conversa Mole e do Papo Furado”? Não deixou de falar as besteiras que as esquerdas vêm repetindo mundo afora sobre a crise — e confessou satisfação com a crise. Mas fiquei contente: segundo ele, sabem quem será beneficiado pela crise mundial? A direita!!!

Hobsbawm é marxista, né? E isso quer dizer que ele é dialético. Um dialético pode afirmar uma coisa e o seu contrário ao mesmo tempo, sem que elas conversem entre si, na suspeita de que o interlocutor se encarregará de estabelecer as ligações entre uma coisa e outra. O homem está feliz com o fim de mais uma era, com a crise do capital, mas a direita — capitalista, suponho — sairá ganhando, ele garante. Então tá bom. Vou ficar na torcida. Embora, adverte o mestre, o estado vá ter uma importância maior do que teve nos últimos 30 anos. Como o conjunto se explica? Ora, dialética, gente! Agora prestem atenção a esta pergunta e a esta resposta:


O senhor sente um pouco recuperado depois de anos em que a opinião intelectual ia de encontro ao que o senhor pensava?

Bem, obviamente há um pouco a sensação de schadenfreude (regozijo pela desgraça alheia). Sempre dissemos que o capitalismo iria se chocar com suas próprias dificuldades, mas não me sinto recuperado. O que é certo é que as pessoas descobrirão que de fato o que estava sendo feito não produziu os resultados esperados. Durante 30 anos os ideólogos disseram que tudo ia dar certo: o livre mercado é lógico e produz crescimento máximo. Sim, diziam que produzia um pouco de desigualdade aqui e ali, mas também não importava muito porque os pobres estavam um pouco mais prósperos. Agora sabemos que o que aconteceu é que se criaram condições de instabilidades enormes, que criaram condições nas quais a desigualdade afeta não apenas os mais pobres, como também cada vez mais uma grande parte de classe média. Sobretudo, nos últimos 30 anos, os benefíciários deste grande crescimento têm sido nós, no Ocidente, que vivemos uma vida imensuravelvelmente superior a qualquer outro lugar do mundo. E me surpreende muito que o Financial Times diga que o que se espera que aconteça agora é que este novo tipo de globalização controlada beneficie a quem realmente precisa, que se reduza a enorme diferença entre nós, que vivemos como príncipes, e a enorme maioria dos pobres.

Comento
É uma coleção de asneiras do "grande" Hobsbawm. Sabem onde estão os maiores beneficiários do “neoliberalismo” dos últimos 30 anos? Na China, na Coréia do Sul, na Índia... Deve ser o que ele chama “nós, no Ocidente”, que vivemos como príncipes. Impressionante! A bobagem é dita e, claro, como ele é um autoridade no próprio pensamento, ninguém solta um pio para contestá-lo.

Nenhum comentário: